Subi recentemente com a minha filha Catarina ao topo do Cântaro Gordo, uma formação rochosa escarpada na Serra da Estrela.

É uma forma que sobressai na paisagem da Serra, esculpida pelas línguas de gelo que cobriram a sua parte mais alta durante as épocas do gelo até há 20 mil anos, circundaram o Cântaro Gordo, desceram os vales circundantes e deixaram este relevo saliente.

Podemos chegar ao topo do Cântaro Gordo a partir do planalto central ou junto do topo da Serra. É, sem dúvida, o acesso mais fácil, mas tira o encanto à sensação de subir a um relevo saliente, de ‘conquistar um topo’.

Já lhe tinha prometido a subida ao Cântaro Gordo há algum tempo. Como tinha nevado recentemente, era um acréscimo do desafio, de subir ao topo, com neve. É um dos principais encantos de qualquer paisagem invernal.

O topo do Cântaro tem 1877 metros de altitude. Iniciámos o nosso caminho no encantador Covâo de Ametade, a 1420 metros. Subimos portanto 450 metros, com um intervalo no Covâo Cimeiro, um exemplo completo do circo glaciàrio, porventura dos mais característicos de Portugal.

Acedento ao topo deste relevo desde a base, ficámos com uma noção perfeita da sua dimensão, de como está sujeito às frequentes intempéries e como e belo o vastíssimo horizonte do seu cimo.