Ilha de La Palma, Canárias, Espanha.
Vulcão de Cumbre Vieja. Novembro de 2021.
As ciências naturais sempre me fascinaram - formei-me em Geografia por isso.
Em 19 de Março, o vulcão em Geldingadalur, Islândia, entrou em erupção, mas os custos de deslocação e estadia tornavam a observação pela internet na única hipótese.
Quando o vulcão em La Palma entrou em erupção em 19 de Setembro de 2021, passadas umas semanas tornou-se aparente que a erupção teria alguma duração. Organizei uma visita, e a sensação de sentir e ouvir o tremer da terra e o respirar do vulcão e ver a lava ser expulsada e a iluminar a noite e a escurecer o céu de dia e a encher a paisagem de ‘areia negra’ é uma experiência que envolve de tal maneira os sentidos que torna pobre a descrição pela escrita ou ver as imagens.
Apesar de não ter sido possível a aproximação, a visita ultrapassou amplamente as minhas expectativas, não tanto pela intensidade das sensações, mas pela diversidade das mesmas e da multitude das consequências directas da erupção, que se viam, cheiravam e sentiam.
Prontinhos para arrancar!
O aeroporto de Madrid. Quase vazio... Até deu para descontraír, enquanto aguardávamos o vôo de ligação até Tenerife.
De Tenerife a La Palma fomos em turboprop - inter-ilhas, mais pequeno
![As cores peculiares da atmosfera, criadas pela erupção vulcânica.](https://images.squarespace-cdn.com/content/v1/60fc2cb322d03451162c68ef/1647301951033-8YM9CISNZZCQWQ32W4B4/SMA_6925.jpg)
As cores peculiares da atmosfera, criadas pela erupção vulcânica.
No segundo dia, e depois de acordarmos com um valente tremor de terra (grau 5,0@38,3 km, às 6h56), aproveitámos para passear. Fomos ao 'Pico Bejenado' a 1854 m).
A caruma das agulhas cobre o chão com uma camada espessa.
Aspecto da floresta de pinheiros das Canárias (Pinus canariensis), espécie endémica do arquipélago.
3º dia. Durante a noite houve pouca lava, mas muita cinza e o vento trouxe a núvem de cinzas na nossa direcção.
Resultado - estava TUDO coberto de uma camada de 'areia' negra.
O ar estava turvo e era visível que estava a caí continuamente a cinza (a cinza vulcânica não resulta de combustão de material lenhoso, como as cinzas 'tradicionais'; esta é composta por pequenos grãos, do tamanho da areia de praia, mas sem rolamento dentro de água, são muito angulosos e abrasivos)
Mirador del Time, a Noroeste do vulcão e de Los Llanos (onde estávamos alojados). Um desconhedido entrou no bar do miradouro e estava coberto de cinza...
Do Mirador del Time tem-se uma vista privilegiada sobre o planalto de Los Llanos de Aridane e o vulcão.
Forma curiosa de desenhas a estrada! Será que alargaram a estrada depois da casa já estar construída?....
No 3º dia fomos ao ponto mais alto da Ilha. Fica no rebordo Norte da Caldeira de Tamburiente (a cratera gigante que cria o contorno da ilha). Chama-se Roque de los Muchachos e fica a 2468 m alt. Como o ar normalmente é seco e límpido (normalmente - quando não há vulcões em erupção...) está aqui instalado o observatório astronómico europeu.
O telescópio Florian Goebel. Detecta ondas de choque resultantes da entrada de raios-ɣ (gamma) na atmosfera terrestre.
Roque de los Muchachos. Encontra-se o ar seco da alta atmosfera (e do deserto do Sahara) com o ar húmido do Oceano Atlântico.
O contacto das duas massas de ar é nítido e abrupto!
Roque de los Muchachos, La Palma. Ao fundo a mancha castanha das cinzas vulcânicas mais finas!
Catarina no Roque de los Muchachos, Ilha de La Palma. Ao fundo a fina mancha castanha da cinza do vulcão Cumbre Vieja.
É a Catarina, a fazer escala. :-)
Mirador de los Andenes (2290 m alt.). Vista para Sul.
Mirador de los Andenes (2290 m alt.), La Palma.
A noite do nosso terceiro dia em La Palma foi noite 'de festival' no miradouro improvisado pela Protecção Civil da ilha junto da Igreja de Tajuya. 16/11-2021, 01:29 Nikon D7500, Nikkor 70-200mm G-ED II @ ISO2000, 3s., f/7.1, 129mm.
16/11-2021, 03:30 Nikon D7500, Nikkor 70-200mm G-ED II @ ISO2500, 0,5s., f/6.3, 195mm.
16/11-2021, 03:31 Nikon D7500, Nikkor 70-200mm G-ED II @ ISO2500, 5s., f/22, 195mm.
16/11-2021, 03:35 Nikon D7500, Nikkor 70-200mm G-ED II @ ISO12800, 1/160s., f/2.8, 195mm.
16/11-2021, 03:41 Nikon D7500, Nikkor 70-200mm G-ED II @ ISO1600, 1/4s., f/2.8, 70mm.
![16/11-2021, 04:20
Nikon D7500, Nikkor 14-24mm G-ED II @ ISO800, 10s., f/9, 14mm.](https://images.squarespace-cdn.com/content/v1/60fc2cb322d03451162c68ef/1647306119780-Q71X0JP9EN1YO45Q8ITN/SMA_7437.jpg)
16/11-2021, 04:20 Nikon D7500, Nikkor 14-24mm G-ED II @ ISO800, 10s., f/9, 14mm.
16/11-2021, 04:26 Nikon D7500, Nikkor 14-24mm G-ED II @ ISO800, 1s., f/7.1, 17mm.
À noite é 'até às tantas' - no dia seguinte começa-se cedinho, para apanhar o nascer do Sol - ufa!! Mas vale a pena, que são momentos bonitos...
O vulcão tinha vários cones, todos com nomes atribuídos informalmente pelos seguidores dos sites on-line 24/24h O cone central que deitava mais vapor de água e enxofre chamava-se 'Mama'. O cone mais alto, por trás que mais explia cinzas era designado por 'Sydney'. O mais pequeno no canto inferior da imagem, e que frequentemente apareca nas fotografias nocturnas, chamava-se 'Peanut'... Eram 'uns queridos' :-D
Os três mosqueteiros - cócó, ranheta e facada. Hahaa!!
No quarto dia à noite ainda fomos de barco ver as escoadas de lava, onde chegavam ao mar.
A caldeira de Taburiente, esventrada por erosão de um enorme vulcão de escudo, desde há 2 milhões de anos. A caldeira do vulcão tem uma estreita abertura para o mar, por onde esta fotografia foi tirada.
A torrente de lava ao chegar ao mar criava grandes núvens de vapor - impressionante. Um pouco à esquerda do centro da imagem, o vulcão, a 6 km da costa. Parte das escoadas faziam-se em tubos lávicos e só alguns troços eram sub-aéreos e estavam visíveis.
Nesta imagem vê-se bem a intensidade da escoada que chegava ao mar. Assim são criadas as fajâs.
Depois do passeio de barco aindo fomos uma última vez até o mirador del Time. Daqui via-se a extensão toda desde o vulcão (à esquerda da imagem) até a chegada ao mar, à direita. Impressionante como a lava iluminava o céu!
A estrada que liga Los Llanos de Aridana ao miradoura e o Norte da ilha é muito sinuosa, como se pode ver nesta longa-exposição onde os faróis dos carros traças longos fios de luz na imagem...
Miradouro da Igreja de Tajuya. 17/11-2021, 02:17 Nikon D7500, Nikkor 70-200mm G-ED II @ ISO500, 30s., f/16, 175mm.
Miradouro da Igreja de Tajuya. 17/11-2021, 02:17 Nikon D7500, Nikkor 14-24mm G-ED II @ ISO800, 30s., f/16, 14mm.
No dia da despedida ainda fomos presenteados com mais um forte sismo (grau 4,7@35,4km) logo cedinho (7h17) para saímos da cama. Assim vimos outro nascer do dia...
Preços da gasolina....... Repare-se nas bermas da estrada, cheias de cinza vulcânica. Era assim nas estradas todas deste lado da ilha.
No vôo de regresso. Pouco sono, muita experiência nova e fantástica. Cansados mas satisfeitos...
O avião de Madrid para Lisboa tinha luz ambiente cor-de-rosa!
:-D
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