Como terá sido o Vale da Candeeira, antes da chegada dos humanos?

Vamos tentar criar duas ‘fotografias’ deste vale, de dois momentos distintos da sua história:

Uma, primeira, na altura em que os glaciares da última idade do gelo estavam a desaparecer da Serra, deixando para trás uma paisagem agreste de rocha despida.

Outra segunda fotografia a representar o estado do vale num momento da ‘plena floresta’. Ao contrário da primeira imagem, esta segunda será uma imagem exuberante, verde.

Duas imagens.

Dois momentos no tempo.

o Início.

Para a primeira imagem temos evidências muito nítidas na paisagem, e permitem-nos criar uma imagem bastante precisa.

A precisão temporal é que tem um problema, que é de não haver material orgânico com o qual fazer-se a datação com o carbono-14 (baseia-se precisamente na datação de matéria orgânica, como já vimos aqui). Há outro método, mas não é executado na Serra da Estrela, baseia-se nas alterações químicas e nucleares de gases aprisionados no gelo continental da Antárctida e Groenlândia. Todas as evidências apontam para que as oscilações globais do clima são aproximadamente simultâneas.

Foi há 16.000 anos.

Um vale na Noruega, com aspecto semelhante ao que terá sido a Serra da Estrela, quando ainda tinha grandes massas de gelo a dominar a paisagem.

Imagem de: Norsk Vann og Energi, www.nve.no

As imagens que vamos tentar criar nem são propriamente ‘instantâneos’.


Principalmente a segunda imagem reflecte o estado do Vale da Candeeira como ele foi durante longos períodos. Temporalmente esses períodos estão perfeitamente identificados através dos sedimentos das turfeiras da Serra, onde a datação radiocarbónica apenas deixa a margem de erro técnica resultante do próprio método científico utilizado.

O ‘momento’ da imagem corresponde a um período ligeiramente mais húmido no final do ‘óptimo climático Holocénico’, antes de qualquer evidência de interferência humana no ecossistema da Serra.

Foi há 7.800 anos.

Imagem: screen-saver retirado de www.rare-gallery.com


o Óptimo